O que você sabe sobre Memória Muscular e Treinamento?

23 de abril de 2014 6 minutos de leitura

A memória muscular, também conhecida como memória motora ou efeito de treinamento de longo prazo, é a capacidade do sistema neuromuscular de “lembrar” e melhorar seu desempenho em uma tarefa específica, como contrabalançar um peso, realizar movimentos esportivos específicos ou executar exercícios de maneira mais eficiente e coordenada, devido à experiência anterior adquirida durante o treinamento.

Os músculos desenvolvem uma “memória” molecular duradoura de exercícios de resistência anteriores que os ajuda a se recuperar de longos períodos de inatividade. Entenda mais o que a memória muscular e seus benefícios. 

Conheça mais a memória muscular

É a conjunção de vários sistemas em nosso corpo, como o fisiológico e o neuromuscular, e envolve adaptações nos níveis do sistema nervoso central e periférico.

Quando uma pessoa faz um movimento, ação ou exercício repetitivo, como um treinamento, o corpo passa por uma série de mudanças que contribuem para o desenvolvimento dessa memória muscular.

Algumas das mudanças, melhorias e adaptações envolvidas no desenvolvimento desse aspecto são as seguintes:

  • Adaptações neurais: a constância e a repetição no treinamento estimulam o recrutamento de miofibrilas musculares pelo sistema nervoso, ou seja, a formação de conexões neurais mais eficientes entre o sistema nervoso e os músculos envolvidos na tarefa específica. Isso implica uma melhora na coordenação e sincronização do trabalho muscular, permitindo que o movimento seja realizado de forma mais suave e precisa.
  • Hipertrofia muscular: o treinamento de força, tanto mecânica quanto metabolicamente, estimula o crescimento e o desenvolvimento das fibras musculares. Portanto, ambos os aspectos aumentarão o tamanho e a força dos músculos envolvidos no exercício, facilitando a melhoria do desempenho.
  • Recrutamento muscular aprimorado: com o treinamento, o sistema nervoso é capaz de aumentar o número de fibras musculares conectadas a ele e, por sua vez, aprende a fazer isso com mais eficiência. As unidades motoras (unidades formadas por um neurônio motor e as fibras musculares que ele inerva) necessárias para realizar a tarefa específica (movimento, exercício, posição etc.), ativadas de forma mais coordenada e sincronizada com os músculos, resultando em melhor desempenho.
  • Alterações metabólicas: o treinamento repetitivo, no qual predomina o caráter mais metabólico, também melhora a capacidade do músculo de armazenar e usar as diferentes vias metabólicas para obter energia durante o exercício, o que contribui para uma maior resistência à fadiga e, portanto, para a capacidade de manter nosso desempenho ao longo do tempo.

Relação do treinamento com a “memória muscular”

No treinamento de musculação muito se fala da relação do treinamento com a “memória muscular” é outra questão a ser analisada é que muitas pessoas dizem que o músculo não conta, se referindo à quantidade de repetições que são realizadas, por exemplo, quando questionam a utilização de 6, 8, 10, 12 repetições e por que não 5, 7, 9, 11, 13, enfim números pares e não números ímpares. Mas ele têm memória? Ou seja, tem memória, porém não conta? Seria um músculo com amnésia? Ou um músculo com Alzheimer?

Memória muscular também é definida como a capacidade de recordar ou lembrar-se de fatos, imagens, ações entre outras questões.

Diferença entre uma pessoa que tem memória muscular e outra que não tem

O que ocorre é o seguinte, indivíduos com histórico de treino apresentam lembranças que reduzem o tempo de readaptação ao treino, como por exemplo, os gestos motores, movimentos articulares, tipos de exercícios, postura, execução, o que são séries, repetições, tempo de intervalo, entre muitas outras variáveis.

Agora, um indivíduo sem histórico, terá que ter um bom tempo de aprendizagem de todas essas questões que envolvem o treinamento! Já imaginou quanto tempo ele pode levar para se adaptar a essas questões?

O indivíduo que apresenta histórico de treinamento, já está adaptado, por mais que esteja afastado e que esteja destreinado, já sabe sobre diversas questões do treinamento

E fisiologicamente? Também! O indivíduo que apresenta histórico de treinamento apresenta uma maior quantidade de mionúcleos. Logo, tem a maior capacidade de sintetizar proteínas e por isso suas adaptações também são mais rápidas! No tempo em que ele permaneceu destreinado nem sempre perderá todas as adaptações adquiridas (depende do tempo ausente do treino).

Em relação aos números de repetições, basicamente é uma relação com o tempo de tensão muscular no qual o sistema muscular é exposto. Exercícios de alta intensidade apresentam baixa capacidade de manutenção do esforço. Logo, exercícios de baixa intensidade apresentam uma maior capacidade de manter o esforço por um período prolongado.

Contudo, não importa se são realizadas 4, 5, 6 ou 11, 12, 13 repetições, o que é importante é o tipo de estímulo que você quer dar naquele momento. O número é indiferente! O estímulo não! O estímulo tem que ser exato! Dependendo do tipo de estímulo, se atingem diferentes adaptações!

Veja mais no vídeo sobre Memória Muscular e Treinamento!

Considerações finais

A memória muscular é um processo complexo e benéfico que surge como resultado de um treinamento constante e repetitivo. Ademais, existem diferentes metodologias e ferramentas para fazer isso, sendo mais apropriado que o façamos de forma totalmente individualizada.

O mais interessante é trabalhar de acordo com nossos objetivos e capacidades para nos familiarizarmos com os movimentos ou gestos que desejamos realizar, com o objetivo de automatizá-los e executá-los de forma totalmente eficiente.

Referências Bibliográficas

Fernandes e colaboradores. Determinantes moleculares da hipertrofia do músculo esquelético mediados pelo treinamento físico: estudo de vias de sinalização. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. Vol. 7. Num. 1. 2008.

Marques Júnior, N.K. Adaptações fisiológicas do treino de força e potência em atletas de desportos de potência. Revista Mineira de Educação Física. Vol. 13. Num.2. 2005.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.